Vocifer : desafios além do Heavy Metal tradicional

Vocifer.  Foto: Renata Ramos - Divulgação

O fato de ser jornalista e também ser fã de Heavy Metal fez com que mudasse a forma de mostrar o que vejo,sinto, ouço, provo e que descubro através de textos e imagens que faço. A música me traz um apunhalado de sensações que jorram constantemente em mim, ainda mais quando se trata de shows ao vivo.

Uma das bandas que me fazem sentir todas essas sensações ao mesmo tempo, é a Vocifer. Enxergo que desde o passado, enquanto os integrantes ainda faziam parte da Corvo, eu via muita paixão da qual compartilho por este estilo musical já mencionado.

Eles tinham sede de fazer acontecer e mostrar também a explosão de sensações que o que faziam poderia proporcionar, um simples momento de apreciação e até mesmo reflexão. Idealizada em 2013 e com dois singles lançados em 2014, Vocifer mostrou as suas raízes no Hard Rock e Heavy Metal, e mesmo diante das barreiras da distância, pois o vocalista  passou dois anos estudando no Canadá, os ideais continuaram firmes.


Os primeiros passos

A primeira apresentação como banda Vocifer ocorreu na Seletiva para o Grito Rock em Palmas/TO no dia 19 de março. O apoio dos amigos eram vistos em cada movimento, sorriso e algumas vozes a cantar trechos de suas músicas que finalmente eram ouvidas ao vivo. Uma de suas músicas, Revolution, foi (e ainda é) uma das mais aclamadas, uma vez que, ela também se tornou um videoclipe. "Eu escrevi essa música em 2013 pouco antes da onda de protestos que estavam ocorrendo. Porém ela extrapola um pouco essa fase e, infelizmente, ainda é uma música atual e acredito que ainda será por muito tempo", conta o vocalista João Pedro Noleto.

Seletiva Grito Rock  em Março


Ao seguir nessa linha de mostrar uma situação real do Brasil, tendo o clipe com cenas de protestos e de momentos históricos de revolta contra os governos, eles foram além do mesmo público de sempre. "Essa música é muito importante pra banda, pois ela trouxe pra gente um público que às vezes nem sequer ouvia heavy metal, mas acabava se identificando com a canção.", afirma o vocalista.






Influências


E com essa determinação de não ser mais do mesmo, as influências se diversificaram. Você pode ouvir ao mesmo tempo o Heavy Metal dito cujo que lembram Black Sabbath ou muitas vezes Helloween, mas também  dá sentir que há interferências (no bom sentido) de como Baden Powell e Nação Zumbi.

O Lucas ( baixista) , o Cristian ( guitarrista), o  Everton ( baterista) unidos pela voz do João, colocaram-se em um rio de mistérios, resgataram o mundo do folclore em suas músicas.  " The Curse of River's Lord" é inspirada na lenda da Boiúna, que é uma serpente gigantesca que vive dentro do fundo dos rios, lagos e igarapés, e que para se alimentar, engana as pessoas  que se aproximam destes locais.

 Ao buscar quebrar paradigmas em relação as suas fontes de inspirações, mostram o amadurecimento de todos os integrantes como músicos, pois usam esta arte para se libertar. "Inicialmente começamos a pesquisar e ler sobre as lendas e contos da serpente Boiúna, um mesmo personagem com inúmeras histórias e interpretações o que nos abriu um leque criativo muito grande. Quanto à composição é sabido que a música latina de uma forma geral ela possui mais percussão do que instrumentos harmônicos, então é um ritmo muito forte e peculiar sendo muito difícil se misturar com o metal 4/4 que estamos acostumados", relata João.

Vocifer em Abril de 2016 no Grito Rock. Foto: Daniela Jácome


Cenário

Abrir-se e desvendar outras falas, gestos, cores e sons fazem parte da vida. O respeito a diversidade, seja qual for, deve ser levado sempre adiante com as pessoas e o espaço em que é inserido. " Acho que falta mesmo é oportunidade e valorização. Tanto o público quanto os contratantes precisam dar mais de uma chance para as bandas para que elas cresçam musicalmente e sejam as mais profissionais possíveis. Outra proposta interessante é sempre que possível misturar os estilos. Nosso cenário é pequeno demais para que “restrinja” determinado público. Eu enquanto artista quero que todas as pessoas ouçam e apreciem minha música, não é possível que sequer um riff não chame a atenção de alguém que não ouça heavy metal, por exemplo", comenta.

Cativar públicos é um desafio diário, o que requer dedicação seja no âmbito musical quando em sua divulgação. Outro ponto levantado por João é a respeito do tratamento banda e produtor de show, pois  muitas vezes não há o respeito com a banda local em relação a pagamentos, tratamentos e tempo de apresentações. " Felizmente, a quantidade de eventos aumentou também, porém a questão do “só não podemos pagar” ainda dói, principalmente quando se tem bandas de fora no mesmo evento, acho contraditório não ter condições de dar um cachê e bancar a viagem de uma banda, sendo o que o público do evento será o das bandas locais, enfim, quando acontece buscamos sempre uma contrapartida, algum material em foto, vídeo e a lembrança de que quando o evento crescer estarmos sempre no topo da lista de convites, pois sempre damos nosso melhor no palco", aponta.

João, vocalista da Vocifer


Shows e planos

A banda se apresentou poucas vezes durante o ano de 2016, mas cada show  teve suas vantagens para o crescimento da Vocifer. "Só este ano participamos de grandes eventos da cena local.  O Grito Rock, o Underground Double, Braindead  - em Gurupi - e o Tocantins Musica Expressa, todos foram importantíssimos tanto pra gente quanto para a cena e pra quem pôde ir no primeiro e no último acredito que já foi possível notar uma evolução e mais maturidade no nosso trabalho. ", diz o vocalista.

Um dos momentos marcantes dos festivais marcantes foi o show no Braindead Fest em Gurupi, a qual mostrou características cada vez menos comuns nos eventos da capital tocantinense, a união e a presença do público . "A cena lá é incrível, galera unida. Fomos muito bem recebidos e foi muito gratificante tocarmos pela primeira vez noutra cidade e ouvir o pessoal cantando seu refrão colado no palco", ressalta João.

A banda possui apresentações marcadas nos dias 10 de dezembro no Festival Bem Alí que será na The Cave e no dia 17 de dezembro no Toca Rock Festival no Tendencies Rock Bar. De acordo com João, a banda está feliz com o seu desempenho  e sente gratidão por em tão pouco tempo, receber convites e reconhecimentos para festivais importantes do Tocantins.

Vocifer. Foto: Renata Ramos- divulgação
As apresentações ao vivo da banda tem melhorado de uma forma singular, algo que deve ter muita relação a abertura da  Vocifer para o "desconhecido" e seu ato de se arriscar em suas descobertas. Assim, entre os o planos da Vocifer, como a maioria das bandas que buscam o crescimento, está a conclusão de composições da nova proposta que estão defendendo e também a  gravação de um álbum, este último que será um marco na história musical do Heavy Metal no Tocantins.


Para essa jornada nova da banda, é preciso apoio de todas as pessoas envolvidas na música, seja como público ou produtor, de fazer parte do crescimento de espaços. O pedido desta contribuição é enfatizado  pelo vocalista no convite para o shows da Vocifer, "gostaria de pedir-lhes que continuem contribuindo com a cena independente, underground da cidade de vocês. Contamos com a presença de todos nos dias 10 e 17", indica.

Pode parecer conversa "batida", mas a união e a presença são os fortes meios para que bandas como a Vocifer possam mostrar o seu trabalho. Conheça as bandas da sua cidade, dê oportunidade para as coisas novas, e se gostar, compartilhe com mais pessoas, divulgue as mídias de Rock do Tocantins e presencie os eventos locais. Faça com que sensação de euforia do Rock / Metal permaneça viva e constantemente abastecida.



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